Investimentos e Battle Scenes!

Oi, sou Lucas Ferraz. formação de preços e na segunda tento explicar essa forma de “investimento” que é o colecionismo.

Escrevi esse texto com o intuito de mostrar pra galera como os preços das cartas são estabelecidos e se realmente vale a pena comprar novas cartas como forma de “investimento” para quem curte só colecionar. Dividi o texto em duas partes: na primeira vou tentar explicar a formação de preços e na segunda tento explicar essa forma de “investimento” que é o colecionismo." 

Para começar, vou deixar claro que usei a precificação dos valores de cartas de várias webstores (ex: Marvel Store TCG http://marvelstoretcg.blogspot.com.br)

Vamos lá. É interessante esclarecer que quando a gente fala em Ciência Econômica, não há um só produto que não obedeça à lei de oferta e demanda no que se refere à formação de preço.

em alguma webstore...

E aí um de vocês, digníssimos players, me pergunta: “mas Lucas, o que é oferta e demanda?” E eu respondo: a lei da oferta e demanda é a lei da escassez. Tem a ver com a disponibilidade do produto (ou, no nosso caso específico, da carta) pelo mundo. Daí você mesmo que me perguntou sobre oferta e demanda faz outra pergunta: “então quer dizer que quanto mais cartas iguais tiverem no mundo, mais barata ela vai ser?” E minha resposta é: você tá pegando a ideia. Por isso que um (pífio) Homem-Aranha custa R$ 0,75 e um (poderoso) Dr. Destino custa R$ 40,00. Mais ou menos por aqui vocês já devem ter sacado que o lance da precificação tem a ver com a raridade das cartas, certo? Mas de onde diabos vieram esses preços? Por que o Dr. Destino custa R$ 40,00 e não R$ 50,00? Ou R$ 200,00? Ou pior: por que uma Ultra Rara como o Dr. Destino custa R$ 40,00, mas um Avante Vingadores, igualmente Ultra Rara, custa R$ 25,00?

Calma aí, a gente chega lá. Espero.

O que acontece é que existem alguns mercados específicos que se utilizam também de outros conceitos (geralmente um pouco mais complexos) pra explicar como um preço é formado. Quando digo mercado me refiro a algum lugar onde compradores e vendedores comparecem e se encontram pra realizar (dã!) compras e vendas. O mundo do colecionismo é um dos exemplos de mercado que precisam de outro conceito que, somado à ideia da oferta e demanda, explica a formação de preço. Mas qual conceito é esse? Um dos conceitos mais legais da economia: a ideia de utilidade. Vou tentar deixar o mínimo de economês possível nessas próximas partes, mas se alguém ficar com alguma dúvida é só falar comigo.

Vamos por partes. 

Autógrafos, valorização de um card.

Utilidade (ou Teoria do Valor-Utilidade) relaciona o valor de determinado produto com a utilidade que o comprador dá a esse produto. Confuso? Vou tentar explicar com um exemplo. Imagine que você, fabuloso player, tenha montado um deck que é um verdadeiro rolo compressor. Chamaremos você de Player1 (clássico). Não é simplesmente um deckzinho competitivo, que te garante umas vitórias suadas e alguns pontos no ranking. É uma máquina de terraplanagem. Você não apenas ganha dos adversários, você os humilha. Dificilmente alguém consegue derrubar um personagem seu e não são raras as vezes em que você marca um placar de 20-0 numa partida. Suponhamos que você tenha jogado contra mil pessoas diferentes, e tem um score de 999 vitórias e apenas 1 derrota. Essa derrota, por acaso, para o Player2, foi contra um deck que só não era idêntico ao seu porque o outro jogador tinha um Wolverine a mais que você. Suponhamos, também, que você vá participar de um torneio que vai premiar o campeão com a modesta quantia de R$ 1 milhão com patrocínio da Petrobras (o que com certeza irá acontecer num futuro próximo). Agora, destemido leitor, me responda uma pergunta: qual a importância que um Wolverine tem pra você agora? Ou seja, qual a utilidade de um Wolverine a mais no seu deck? Quanto você estaria disposto a pagar por um Wolverine, caso a premiação do torneio seja mesmo R$ 1 milhão de reais? Com essa pequena parábola, temos uma ideia de como funciona a teoria do valor-utilidade. Mas isso não é tudo. Essa historinha nos leva a um outro conceito importante: a sua confiança no seu deck, ou, em bom e velho economês, a credibilidade do seu deck.

Imagine agora uma situação inversa, usando o outro lado da moeda, no ponto de vista do famoso Player2: você tem um deck que mais parece um pastel de tanto que foi espancado. De mil partidas, você ganhou apenas uma, de um deck idêntico ao seu a não ser o fato de ter um Wolverine a menos (Player1). O que significa um Wolverine pra você agora, em termos competitivos? Absolutamente nada. Caso você participe do mesmo torneio milionário da Petrobras, você se interessaria em comprar um Wolverine? Percebam que a única diferença entre os dois players é a confiança, ou a credibilidade do deck. Viram como é subjetiva a formação de preços nesse caso? Óbvio que um Wolverine não vai custar um valor que seja muito diferente dos R$ 40,00 já estabelecidos pela escassez (raridade) da carta, mas o valor que cada player aplica à carta difere de acordo com suas próprias preferências. É por causa dessas preferências individuais, junto com a utilidade da carta em cada deck, que um Dr. Destino custa R$ 40,00 e um Avante Vingadores custa R$ 25,00 quando usamos o conceito de oferta e demanda. Ficou claro? Se houver alguma dúvida, só perguntar que eu respondo.

Colecionismo como investimento. Essa parte é interessante. O mercado de colecionismo em geral costuma movimentar uma gigantesca soma de dinheiro todos os anos. É só ver algum leilão da Sotheby’s com um quadro de Dalí. Sem querer menosprezar os admiradores de arte, continua sendo só tinta sobre um pano.

No nosso caso específico, de amantes de Battle Scenes, não fugimos muito à regra geral. Vocês me perguntariam algo do tipo: “mas Lucas, você bebe?! Comparando um Dalí com uma cartinha de papel estampada?!” E eu respondo: não, não bebo. Na verdade bebo, mas só socialmente. E sim, estou comparando os dois porque são, em essência, a mesma coisa. A única diferença é o mercado em que são negociados. Por motivos meio óbvios, um Dalí tem um mercado maior que cartinhas do BS (por enquanto hehum comprador interessado (e, analisando friamente, o mercado para os produtos Marvel é bem grande), haverá espaço para o investimento. Para mostrar pra vocês que vale SIM a pena comprar cartas enquanto investimento, vou usar o meu exemplo. Comprei duas caixas fechadas ao preço de R$ 150,00 cada e dividi uma caixa com um amigo, gastando R$ 80,00. Comprei, também, 10 boosters ao preço de R$ 7,00 cada, totalizando R$ 450,00 gastos. Foi o suficiente para completar a coleção de 100 cartas básicas (isso e mais um Fantasticarro gentilmente trocado pelo João Ventura).

ehe). Na real, enquanto houver

Usando os preços da Marvel Store TCG para cartas avulsas, gastaria R$ 389,75 pelas 100 cartas da coleção inicial. Meus R$ 450,00 (R$ 60,25 a mais do que o necessário) me renderam 700 cartas que, multiplicadas as quantidades pelos valores unitários, me retornariam R$ 1518,00. Isso mesmo, obstinado player, o valor inicial investido seria multiplicado por 3,4 caso resolvesse vender minhas cartinhas de papel! Nesse caso, não levo em conta a velocidade com que conseguiria vender cada unidade. Mas isso é, na verdade, um ponto positivo. Voltemos a expandir nossa visão. Quando tratamos de vendas de, digamos, carros, por que um Shelby Mustang 1967 GT 500 é mais caro do que um Shelby Mustang 2013 GT 500? É exatamente por isso, atento player: porque ele é antigo.

Por ser antigo, é único. Ninguém mais produz, não se vê um desse parado em cada semáforo por aí. A mesma regra se aplica às nossas amadas cartinhas: quanto mais velhinhas, mais carinhas também. Claro que você, assim como eu, vai tomar todo o cuidado do mundo pra cuidar dela e não deixa-la estragar. O que eu quis dizer com essa analogia? Por mais que você tenha um retorno imediato (e generoso inclusive, visto os ganhos proporcionados pela nossa excelente caderneta de poupança), não venda.

Lucas, pensando?

O mercado de colecionismo sobrevive por itens antigos e raros e por mais que realmente seja um investimento a compra de cartas, devemos esperar alguns anos até que elas atinjam seu valor máximo. A tendência é sempre de alta, ou seja, com o passar do tempo, um (pífio) Homem-Aranha pode garantir a entrada do seu apê novo. Tá, nem tanto, mas você entendeu a ideia.

É isso. Se alguma coisa ficou obscura, ou difícil de entender, ou se falei um monte de besteira, só falar comigo que a gente resolve. De preferência, com uma partida de Battle Scenes.