Olá novamente, eu sou o Sergio Menna, e essa é a Evolução Paralela, uma coluna em que iremos discutir soluções para o metagame de Battle Scenes que tentam combater as estratégias populares usando cards não tão populares. A principal premissa desta coluna é evitar usar os cards que constituem o atual metagame – isso mesmo, sem Pyro, Vampira, Cassandra ou o simpático Formigão!
Hoje iremos discutir soluções para os personagens que entram em cena cancelando ações – isso mesmo chegou a hora de vermos como jogar em torno de Homem-Formiga e Jaqueta Amarela! Mas antes, vamos apresentar o deck da semana.
1. Capitão Universo Britânico V2.0 (BSOS)
A guerra tem importância crucial para o Estado. É o reino da vida e da morte. Dela depende a conservação ou a ruína do império. Urge bem regulá-la. Quem não reflete seriamente sobre o assunto evidencia uma indiferença condenável pela conservação ou pela perda do que mais se preza. Isso não deve ocorrer entre nós.
Sun Tzu, “A Arte da Guerra”, Da Avaliação.
Este deck foi submetido pelo Anderson Thelles, membro da MTCG bastante conhecido. Essa lista bastante inusitada, e descrita em pouquíssimas linhas foi escolhida pela forma inusitada como ela joga. Sem mais, apresento a vocês o deck:
Segue a descrição do funcionamento do deck nas palavras do próprio Anderson:
O baralho se baseia em jogadas suicidas, mas que oferecem mais vantagens para você do que para o oponente. Como o baralho tem muitos personagens com um de vida, o oponente não vai ganhar muito em nocautear um personagem seu. (...) Você tem ações poderosas como Rompante de Precisão, Granada de Mão e Lança Míssil, que podem ser bem combinadas com Impetuosidade!
A carta principal do baralho é Capitão Britânia que recebe bônus de dano para cada personagem nos prêmios! J E uma vez que ele entrar em cena, ele pode pegar outro Capitão Britânia do baralho e colocar em sua mão!
Capitão Universo é mais um personagem coringa! Sua função é evoluir do Capitão Britânia se ele estiver morrendo, ou evoluir de um personagem de um de energia!
Só um adendo: a referência no texto a Granada de Mão deve ser lida como Alvejar Comparsas.
Agora, deixemos a lista do Anderson de lado por um momento e vamos falar dos nossos inimigos de hoje.
2. Sobre a negação de efeitos
“Não adies o momento do combate, nem esperes que tuas armas se enferrujem e o fio de tuas espadas se embote. A vitória é o principal objetivo da guerra.”
Sun Tzu, “A Arte da Guerra”, Da Avaliação.
Ainda uma novidade em Battle Scenes, cards que negam efeitos conforme eles são ativados só existem Homem-Formiga e Jaqueta Amarela até agora. Cards que impedem efeitos já são conhecidos nossos como Dispersar Intelecto e Amplificador Mental por exemplo.
O Formiga pode entrar em cena impedindo uma ação Imprevista de ser usada, e não somente na fase de preparação; ele pode impedir uma ação imprevista quando ela for usada na antecipação, como no caso de Voar Alto (que é uma ação tanto Imprevista quanto Antecipação), apenas para citar um caso. A ação da Vampira V2, Impossível de se Ver e Fazer Esquecer são outros exemplos comuns de ações que podem ser impedidas pelo Formigão.
O Jaqueta Amarela é mais restrito, podendo impedir apenas ações de personagens que entraram em cena neste turno, como Pyro, um personagem com voo carregando Investigação Silenciosa, Entrada Triunfal, o Treinador, Mística V2, personagens evoluídos, Concentrar Poder e por assim vai. Num metagame em que Capitão Universo e Investigação Silenciosa, esses personagens tem tudo o que é necessário para entrar numa boa quantidade de decks. Ainda por cima, como possuem Genialidade e Voo, se tornam escolhas excelentes para quase qualquer deck. “Quase” qualquer deck, porque a nossa proposta é não nos rendermos ao metagame!
Bem, se não poderemos nos juntar a eles, deveremos então descobrir como podemos combate-los.
Como nossa proposta não inclui usar Jaqueta Amarela nem Homem-Formiga, perdemos o benefício de “combater fogo com fogo.” Afinal de contas, uma forma de impedir seu oponente de colocar um personagem em cena é você colocar o mesmo personagem em cena primeiro (excetuando o envolvimento de Universo Paralelo e Invasão Secreta). Mas você pode usar essa solução sem problemas, apenas não a abordaremos aqui como uma solução a ser estudada.
3. Preparando-se para interrupção
"Toda campanha militar repousa na dissimulação. Finge desordem. Jamais deixes de oferecer um engodo ao inimigo, para ludibriá-lo. Simula inferioridade para encorajar sua arrogância. Atiça sua raiva para melhor mergulhá-lo na confusão. Sua cobiça o arremeterá contra ti e, então, ele se estilhaçará."
Sun Tzu, “A Arte da Guerra”. Da Avaliação.
Então sabemos que nosso objetivo é antecipar a chegada do Formiga e do Jaqueta. Primeiro vamos identificar como eles entram em jogo:
- Ambos precisam de três recursos para ser jogados;
- Ambos precisam que uma ação seja realizada, conforme visto anteriormente.
A estratégia básica de controle de recursos visto anteriormente nesta coluna está de pé. Os cards ideais para estes personagens entrarem em cena costumam ser cards de Voo e Genialidade, além da notável exceção de Armadura de Combate I.M.A. devido ao fato deles ganharem com esse card Super Força e +2 de Escudo (o Jaqueta já possui Super Força, então cards como Ignorar Fracotes e outras desta habilidade também ajudam a perceber o perigo).
Além de cards de habilidade, outra eventual pista é o cenário Invasão Secreta. Muitos jogadores estão utilizando este cenário para poder colocar em cena seu Formigão/Jaqueta caso o oponente também tenha colocado. Como o efeito da Invasão Secreta de ser colocado no fundo do deck a partir dos recursos só ocorre depois que o personagem já tiver sido jogado é possível que o oponente jogue um dos amigos diminutos carregando o cenário e, no caso de já haver um deles em cena controlado pelo oponente, colocar o cenário na base do deck deixando o personagem com apenas dois cards carregados nele. Então, fique atento, pois mesmo com Invasão Secreta e apenas dois outros recursos, o Formigão/Jaqueta pode entrar em cena mesmo havendo uma cópia já em jogo.
Primeira Conclusão: mesmo que um personagem Jaqueta Amarela ou Homem-Formiga já esteja em cena controlado por um oponente, o jogador pode colocar qualquer um deles graças à Invasão Secreta nos recursos. E isso mesmo que haja apenas dois outros cards além deste cenário nos recursos, porque o mesmo só será colocado na base do deck após o personagem entrar em cena.
Além de prever a possibilidade de seu oponente jogar Jaqueta/Formiga (só pra variar, alterei a sequência J), podemos também olhar de fato se ele possui um destes personagens em cena. Cards como Sussurros na Mente, Invocar o Relâmpago, Ben Urich Investiga (Cuidado Ben! É o Rei do Crime!) e Gata Negra (sem mais piadas) são exemplos de cards que podem lidar com os heróis diminutos, ou pelo menos te alertarem da presença deles na mão do seu oponente.
Fora a Gata Negra e Sussurros na Mente, outro card que possibilita remover os camaradinhas é Entrando de Cabeça. Quando eu for comentar o deck do Anderson, eu falarei deste cenário em especial. Por ora vamos nos deter por aqui e vermos, no próximo ponto, como podemos receber os camaradinhas em cena, já que nem sempre podemos deter a entrada destes.
4. Recepção calorosa
“O general deve basear-se em avaliações prévias. Elas apontam para a vitória quando demonstram que sua força é superior à do inimigo. Indicam a derrota quando demonstram inferioridade. Com numerosos cálculos, pode-se obter a vitória. Teme quando os cálculos forem escassos. E quão poucas chances de vencer tem aquele que nunca calcula!”
Sun Tzu, “A Arte da Guerra”. Da Avaliação.
Imagine a cena: você ganha o sorteio e começa jogando. Tanto você quanto seu oponente compra a mão inicial e ambos a mantém. Você coloca alguns cards em seu recurso, incluindo uma Investigação Silenciosa que você quer muito jogar de cara com o Asa Vermelha em sua mão (tsc, tsc, usando cards do meta hein?). É a vez do seu oponente colocar os cards dele no respectivo recurso e ele coloca Armadura de Combate I.M.A., Voar Alto, Investigação Silenciosa e Invasão Secreta. Você para e lembra que leu em algum lugar que isso pode ser um sinal de que ele vai tentar te interromper com Jaqueta ou Formiga. Como você não tinha antecipado essa possibilidade e já ficou com a mão, você checa e vê que não possui nenhum card que possibilite ver a mão do seu oponente. Você inicia o jogo, e na sua Contagem Regressiva, você tomba um Invocar o Relâmpago (que azar!) e compra uma habilidade qualquer. Você coloca o Asa Vermelha em jogo carregando a Investigação Silenciosa, busca pelo Falcão em seu deck e o coloca em cena carregando três cards. Você busca uma cópia do Asa no deck e o coloca em sua mão. Pergunta: você usa a Investigação ou não?
A resposta correta para essa pergunta é: depende. Trabalhando na hipótese que seu oponente tenha Formiga/Jaqueta na mão; é desejável que ele coloque o pequeno herói em cena? Em cada situação, essa pergunta vai ter uma resposta diferente. A proposta neste ponto da discussão é: quando será desejável que seu oponente coloque o Jaqueta/Formiga (invertido de novo J) em cena para parar uma ação sua?
Voltemos ao exemplo dado: se algum membro da dupla entrar em cena, carregando os cards do exemplo (Investigação, Armadura IMA e Voar Alto), vai ser difícil para a dupla Asa/Falcão pará-los. Mas se você tiver uma antecipação no Falcão que pode impedir o Aríete Hidráulico do Formiga (devido à Armadura) e/ou você pode travar o personagem no seu turno – Armadilha Reforçada, Máquina de Bloqueio Mental ou Rei das Sombras, por exemplo – pode ser uma boa provocar a entrada dele. Esses seriam exemplos em que você quer que o seu oponente coloque Jaqueta/Formiga em cena; afinal, você terá como os receber em cena.
Outra situação possível é aquela do tipo em que você atrai o oponente para um blefe: você usa uma ação “negável” de engodo, para que ele não possa anular a ação que você realmente quer usar. Por exemplo, você sabe que seu oponente tem um Jaqueta na mão. Você coloca um Asa Vermelha e imediatamente tenta investigar. Ele entra com o Jaqueta para anular o efeito. Você então capacita o Asa descartando uma Entrada Triunfal, e coloca o Kraven – O Caçador em cena marcando o infeliz personagem, executando-o no combate.
Segunda Conclusão: na inevitabilidade de impedir a entrada de um Homem-Formiga/Jaqueta Amarela, prepare a cena para recebê-los em seus termos, aproveitando ao máximo possível a oportunidade criada para derrubá-los ou mantê-los sob “cativeiro”, impedindo assim que ele possa entrar em cena e interromper uma ação mais importante.
5. De volta ao deck apresentado
“(...) Embora até então tenhas sido respeitado, doravante tua reputação estará maculada. Apesar de já teres dado mostras brilhantes de valor, o último revés apagará toda a glória acumulada.”.
Sun Tzu, “A Arte da Guerra”. Do Combate.
A proposta do deck do Anderson além de inusitada é muito inovadora. Jogar com um deck que se vale de ações suicidas para obter vantagem sobre seu oponente é contra intuitivo – e isso não é um problema necessariamente: se seu oponente não entender o que você está fazendo, é mais fácil surpreendê-lo!
Enquanto Ataque à Distância não for uma habilidade comum ao metagame, Arma com Silenciador é uma ação de custo zero de incapacitação que causa 1 ponto de dano penetrante na sua preparação. Com Impetuosidade, qualquer ação pode se tornar uma ação imprevista ao custo de render um personagem. Assim, você ataca de maneira inesperada seu oponente, e ainda rendendo um personagem que engrossará as fileiras dos caídos – que vai fortalecer o Capitão Britânia!
A descrição do Anderson é suficiente para entender a genialidade por trás desta criação e a mecânica por trás da escolha dos cards. Vou aproveitar para falar do cenário Entrando de Cabeça.
Quando vi o preview deste cenário, pensei comigo: “decks de descarte começam a tomar forma”. Hoje, tenho a impressão que este card é uma iniciativa que tende a possibilitar um deck de descarte no futuro, mas que ainda não é viável. Num deck como esse, com muitos personagens de custo baixo, esse card brilha: rendendo um Capanga do Rei para derrubar um Capitão Universo? Aonde eu assino?
Entrando de Cabeça, independentemente de haver um deck de descarte dedicado, pode vir a ser um cenário a ser bastante utilizado, bastando apenas adaptar a sua estratégia para incluí-lo. Vamos falar mais desse card num futuro próximo, assim como da Gata Negra.
6. Encerrando por hoje
E chegamos ao fim mais uma vez, mas sempre com a expectativa de discutirmos algo mais nas semanas que se sucederão. Lembre-se sempre: críticas, sugestões de tema e comentários em geral podem ser enviados para o meu e-mail (mennamtcg@gmail.com). Se existe um deck que você queira mostrar nesta coluna para uma breve discussão, sinta-se convidado a enviar também. Então nos vemos na próxima semana, onde continuaremos discutindo soluções para o metagame de Battle Scenes. Não Perca!
Fantástico!
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